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Embratur e Unesco se unem pelo Museu da Escravidão, no Cais do Valongo

Principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas, o Sítio Arqueológico do Cais do Valongo foi reconhecido em 2017 como patrimônio da humanidade

Renato Vaz/Embratur
Além da construção do museu no Cais do Valongo, Embratur e Unesco também irão trabalhar em conjunto na qualificação dos destinos turísticos brasileiros que são considerados Patrimônios Mundiais pela ONU

Brasília (DF), 13/02/2023 – Trabalhar em conjunto para tirar do papel o projeto de construção do Museu da Escravidão, no Cais do Valongo, no Rio de Janeiro. Foi com esse objetivo que se reuniram nesta segunda-feira (13), em Brasília, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, e Marlova Noleto, diretora e representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil.

 

“Mudar a forma como tratamos a nossa memória da escravização do povo africano é fundamental para reconstruir a imagem do Brasil no exterior, e para construirmos o país que queremos ser. Não o que tenta apagar sua história, mas o que reconhecesse seu passado e trabalha para repará-lo, combatendo o racismo e evitando retrocessos. É uma maneira importante de dialogar com o mundo”, destaca Freixo.

 

O Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, localizado na região portuária do Rio de Janeiro, foi reconhecido em 2017 como patrimônio da humanidade pela Unesco. Principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas, o Cais do Valongo foi onde desembarcou a maior quantidade de africanos escravizados no planeta.

 

Segundo Marlova Noleto, atualmente já estão à disposição R$ 2 milhões para a construção do museu, referentes à indenização por reparação paga pela multinacional Carrefour em decorrência do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro morto após espancamento, em Porto Alegre, em 2020. “Fomos chamados para fazer a curadoria do museu, e este trabalho já está pronto”, destaca Marlova Noleto. “O Brasil precisa entrar no roteiro de museus de memórias sensíveis da escravidão, por tudo o que aconteceu aqui, pelo resgate dessa memória”, completa.

 

Para Freixo, “assim como o Memorial do Holocausto e o Museu de Auschwitz, na Alemanha e Polônia, servem às novas gerações para que não repitam erros do passado. Nós precisamos contar a história do período da escravidão. É uma forma também de nos reaproximarmos com a África e a população negra dos EUA”, completou Freixo.

 

Na última semana, o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloízio Mercadante, afirmou que o banco também participará do financiamento da obra de recuperação do imóvel e construção do museu. O imóvel para a construção do museu é o Galpão Docas Pedro II.

 

Patrimônio no roteiro

Além da construção do museu no Cais do Valongo, Embratur e Unesco também irão trabalhar em conjunto na qualificação dos destinos turísticos brasileiros que são considerados Patrimônios Mundiais pela ONU.

 

É o caso do estado do Rio de Janeiro, que possui quatro títulos de Patrimônio Mundial: a própria cidade do Rio, as cidades de Paraty e Ilha Grande, e o Sítio Burle Marx. “A gente tem potencial de utilizar melhor esses títulos para a promoção internacional”, destacou Freixo. A ideia é induzir a formulação de roteiros a serem oferecidos aos turistas estrangeiros que visitam o país.