AFROTURISMO

Embratur defende promoção da cultura negra para alavancar o turismo

Audiência pública, na Câmara dos Deputados, possibilitou o debate sobre quais iniciativas podem ser desenvolvidas para promover e criar oportunidades econômicas para o segmento

Renato Vaz/Embratur
Tânia Neres anunciou iniciativas que estão sendo estudadas e estruturadas pela Embratur para ampliar o mercado e a interação com o mercado internacional, sobretudo com a África e os Estados Unidos

15/06/2023 – A Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados realizou, nesta quarta-feira (14), debate sobre a importância do afroturismo na preservação da cultura, resgate da história, combate ao racismo e no desenvolvimento econômico e social da população negra brasileira. Na pauta, os convidados trataram sobre o que já vem sendo desenvolvido e como o poder público pode impulsionar este segmento. 

O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, lembrou que o setor do turismo corresponde, atualmente, a 7,8% do PIB e tem amplo potencial de crescimento a partir da aposta no afroturismo. “A gente quando cria uma coordenação, com um investimento no afroturismo, é porque mais do que não ser racista, mais do que não tolerar o racismo, a gente tem que fazer da igualdade racial um produto, uma identidade, um discurso, uma visão que nos traga emprego, crescimento e desenvolvimento. Nenhum país pode buscar desenvolvimento convivendo com o racismo. Então, acho que a gente coloca o turismo no lugar do seu  compromisso, com a história desse povo. Não existe história do Brasil sem passar pela história da África”, destacou o presidente da agência.   

O debate foi organizado pelo deputado federal João Bacelar, que também acredita no potencial do afroturismo, a partir da mudança de perfil do turista tradicional. “O turismo promove, divulga os destinos, por isso é preciso pensar e executar políticas para estruturar o turismo basileiro de forma a valorizar a cultura negra. As pessoas querem ter contato com a cultura local. Você chegar, por exemplo, à cidade de Salvador, ir a um templo religioso – como o Ilê Axé Opô Afonjá – que é uma pequena aldeia africana com museu, culinária, artesanato, vestuário, oficina, música, dança, religião… Não tem parque, no mundo, que consiga superar isso”, disse.

Para o debate, a equipe da Diáspora.Black – plataforma digital de promoção do afroturismo, apresentou dados mostrando que 85% das iniciativas são lideradas por mulheres e 35% são registradas como microempreendedor individual (MEI). “Infelizmente, as pessoas ainda não conseguem reconhecer o potencial do desenvolvimento econômico que tem nas atividades culturais, nas atividades religiosas, nas atividades produzidas pelas herança africana nesse país, e que está presente em todas as cidades”, enfatizou Carlos Humberto da Silva Filho, CEO da empresa.

Ampliação
A coordenadora de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas da Embratur, Tania Neres, apresentou experiências bem sucedidas em destinos do Brasil, explicando onde e como o afroturismo está presente, como as visitações ao Quilombo Pedra do Sal, no Rio de Janeiro; a Caminhada Salvador Negra, na Bahia, e o Parque Memorial dos Palmares, em Alagoas. Ela destacou o potencial de crescimento que o país tem neste setor, principalmente se investir no resgate histórico e valorização cultural.

“Os turistas americanos são o nosso mercado potencial não é à toa, os negros dos Estados Unidos gastaram US$ 109 bilhões em turismo, nesse grande interesse que eles têm por reconexões ancestrais”, afirmou. 

Tânia Neres anunciou ainda as iniciativas que estão sendo estudadas e estruturadas pela Embratur para ampliar o mercado e a interação com o mercado internacional, sobretudo com a África e os Estados Unidos. “É preciso sensibilizar as pessoas para que entendam o que é afroturismo, que é o Brasil vendendo a cultura afro para todo o mundo”, 

A audiência pública reuniu ainda representantes dos Ministérios do Turismo e da Igualdade Racial, além de agentes de afroturismo e da sociedade civil.