EMPREGO E RENDA

Festival Liberatum: painel destaca empreededorismo negro na construção do afroturismo brasileiro

Debate contou com presença da coordenadora de afroturismo da Embratur, Tania Neres, que falou sobre “Afrofuturismo, Ancestralidade, Inovação e Transformação”

Divulgação/Embratur
Durante debate, coordenadora de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas da Embratur, Tania Neres, falou sobre o papel da juventude no fortalecimento e na construção empreendedora que fomenta o afroturismo

06/11/2023 – “Não se faz turismo sem o empreendedor”, afirmou a coordenadora de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas da Embratur, Tania Neres. Ela foi uma das palestrantes do painel “Afrofuturismo, Ancestralidade, Inovação e Transformação”, realizado neste fim de semana, durante o Festival Internacional Liberatum, que aconteceu em Salvador (BA).

A gestora da Agência destacou o papel da juventude no fortalecimento e na construção empreendedora que fomenta o afroturismo, com foco na geração de emprego e renda. “Muitas vezes o turismo local que a gente fala é esse que o menino que cresceu naquele lugar e compartilha suas vivências. Pouco fica para a população negra com o turismo. Temos de começar a reestruturação e isso pede protagonismo, empreendimento. É disto que se trata o afroturismo”, afirmou Tania Neres. 

“Precisamos entender que o afroturismo perpassa por várias outras questões e que o povo preto está organizado e sabe o que quer”, completou a mediadora do painel, Marina Duarte, presidente estadual da União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro). 

A coordenadora da Embratur explicou ainda que o afroturismo tem se tornado um dos maiores movimentos no mercado mundial contra o racismo. “Vamos trazer de volta todas as histórias que foram apagadas e vamos contar a verdade, porque agora a gente conta a verdade. Muitos personagens — personagens importantes — que podem empoderar as pessoas e que podem também mostrar para o mundo, para o mercado, incluindo o estrangeiro, o quão poderoso a gente é em tudo”, complementou Tania Neres.

O debate também contou com a participação do cofundador do Vale do Dendê, Paulo Rogério. Ele defendeu a construção de um futuro diferente para a população negra, para mudar o destino de mazelas que foram provocadas ainda lá atrás, por meio da escravidão. 

“A tecnologia chega para privilegiar poucas pessoas, mas empreendedorismo não é algo para poucas pessoas. Nós, enquanto pessoas negras, sempre fomos empreendedores. Nós criamos o samba, criamos a capoeira, nós inventamos os blocos afro, a música mundial é preta. Nos Estados Unidos, [criamos] o jazz, o rock, o blues; aqui no Brasil, todas as vertentes musicais são nossas. O problema: quem ganha dinheiro com essa cultura?”, questionou.

A Vale do Dendê é um negócio de impacto social destinado a fomentar ecossistemas de inovação e criatividade, com foco na diversidade. A iniciativa surgiu em novembro de 2016 com um workshop que reuniu representantes de diversas empresas e instituições de Salvador (BA).

Liberatum
Com o patrocínio da Embratur, o Festival Liberatum aconteceu pela primeira vez no Brasil. O evento já aconteceu em 13 países, difundindo os ideais de inclusão, com a participação de expoentes das artes, negócios e tecnologia. No Brasil, o evento teve um foco especial na contribuição cultural de agentes de mudança e visionários negros globais. 

Novembro negro
O evento acontece em meio as ações do Novembro Negro em Salvador. O mês dedicado à consciência negra e a luta antirracista será de eventos, debates, festivais e um grande e inédito desfile de blocos afros na capital baiana. “É muito importante que esse mês represente todo o potencial cultural e ancestral do povo preto da Bahia e de todo o Brasil”, disse Tania Neres.