CONEXÃO EMBRATUR

Gestores da Embratur participam de debate sobre o protagonismo indígena no etnoturismo

Dinamam Tuxá e Karkaju Pataxó conversaram com colaboradores da Agência sobre como a modalidade de turismo pode fortalecer comunidades e a demarcação

Renato Vaz/Embratur
Workshop Conexão Embratur contou com as presenças do coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Dinamam Tuxá, e do coordenador de Saberes Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Karkaju Pataxó

10/11/2023 – O etnoturismo comunitário é um caminho eficiente para que povos indígenas resgatem e fortaleçam a própria cultura, aproximem o mundo de seus estilos de vida e impulsionem a luta por demarcação de terras. Esse foi o tema do Workshop Conexão Embratur realizado nesta quinta-feira (9) com a equipe da Embratur, e que contou com as presenças do coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Dinamam Tuxá, e do coordenador de Saberes Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Karkaju Pataxó.

O bate-papo com os colaboradores serviu para que a equipe técnica da Agência pudesse escutar lideranças reconhecidas dos povos indígenas sobre as vantagens e os desafios para fomentar o etnoturismo no Brasil. Na conversa, Dinamam e Karkaju apresentaram as experiências brasileiras que já existem, como a da Reserva Pataxó da Jaqueira, em Porto Seguro (BA), onde visitantes aprendem história a partir do ponto de vista da comunidade, e o ritual fúnebre Kuarup, no Xingu (MT), que atrai visitantes de todo o mundo.

Durante o workshop, um dos desafios apontados pelos convidados foi o de criar protocolos para que as comunidades indígenas, interessadas em receber grupos de visitação, possam dar início a seus projetos. “Isso porque é fundamental que cada etnia gerencie a própria iniciativa, protegendo suas culturas que têm especificidades únicas. Isso é importante pois a lógica do projeto é dar autonomia aos indígenas dentro das terras demarcadas, fortalecer a bioeconomia e aumentar a autoestima de cada grupo”, destacou Karkaju Pataxó.

O coordenador de Saberes Indígenas do MPI destacou ainda que o trabalho não é novo, embora tenha muito espaço para crescer. “Em Jaqueira, já trabalhamos o etnoturismo há 25 anos. O etnoturismo reforça a autonomia dos povos, que gerem seus territórios com um impacto social grande. Também dá a oportunidade de as comunidades contarem sua versão da história do Brasil, que não aparece nos livros didáticos”, afirmou Karkaju.

Já Dinamam destacou a importância de fazer com que o mundo se aproxime dos povos indígenas, para que conheça seus costumes e sua produção. “Como país, o Brasil tem a maior diversidade de línguas e povos, e o povo brasileiro precisa conhecer essa história. As comunidades indígenas têm contribuído na luta contra o aquecimento global com a preservação de seus territórios. Podemos mostrar nossas contribuições e nossas atividades econômicas, de bioeconomia, nossa produção e cultura”, lembrou o representante da APIB.

Mudanças estruturais
O etnoturismo e o turismo sustentável são temas importantes para divulgar a imagem do Brasil no exterior, reposicionar o país no debate global sobre as mudanças climáticas, além de proteger e fortalecer a cultura dos povos indígenas e os biomas nacionais. O gerente de Sustentabilidade e Ações Climáticas da Embratur, Saulo Rodrigues, ressaltou que essa edição do Conexão Embratur teve como intenção garantir que a Agência promova essa modalidade de turismo garantindo o protagonismo dos povos originários.

“Trouxemos lideranças reconhecidas para entendermos as dificuldades e as oportunidades que os territórios indígenas trazem para o turismo, e posicionar a Embratur institucionalmente para alavancar o etnoturismo que ficou, muitas vezes, esquecido no país”, observou Saulo.

A coordenadora de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas da Embratur, Tania Neres, por sua vez, destacou que essa proximidade com lideranças e a promoção do etnoturismo como forma de fortalecer as comunidades é essencial. “Não adianta promovermos corporativismo, feiras, eventos, sem sustentabilidade, sem fortalecer culturas, povos, comunidades, porque isso é uma mudança estruturante. Temos muito trabalho a ser feito”, lembrou.

Colaboradores elogiaram o bate-papo. Foi o caso de Daniel Noble, que é assessor da Coordenação chefiada por Tânia. “É uma forma de nos aproximarmos de quem tem o lugar de fala, para que a gente possa trabalhar em conjunto para promover um Brasil muito mais genuíno, mostrando a população com sua complexidade e diversidade. Essas participações são importantes para isso”, avaliou.