07/03/2024 – Dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) mostram que as mulheres empreendedoras dedicam o dobro de horas com trabalhos domésticos e cuidados com crianças em comparação com homens empreendedores. E essa discrepância, que também atinge outros segmentos, faz com que elas tenham até 17% de tempo a menos que eles para se dedicar a suas profissões, de acordo com levantamentos do Sebrae.

Quem faz um alerta sobre esses dados é a gerente da Unidade de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão do Sebrae Nacional, Renata Malheiros. Ela ministrou uma palestra na Embratur, nesta quinta-feira (7), com o tema Liderança Feminina, durante uma série de atividades dedicadas a lembrar do Dia Internacional da Mulher, 8 de março.

Questionada sobre a importância do tema, a especialista responde com outra pergunta: “por que, em 2024, ainda temos um dia da mulher?”. “Ainda hoje, não temos igualdade de oportunidade entre homens e mulheres. As mulheres ainda são sobrecarregadas pelos trabalhos domésticos e isso acaba influenciando na própria carreira da mulher. Será que é justo o tempo que nos dedicamos a mais com a casa e a menos com o trabalho, se todo mundo se beneficia de uma casa limpa e filhos bem criados? O preço disso é a saúde mental e os próprios sonhos profissionais das mulheres”, reflete.

Durante a apresentação, Malheiros deu dicas para as funcionárias da Embratur. Entre elas, alertou para que homens e mulheres evitem romantizar a sobrecarga de trabalho sobre o sexo feminino. Também destacou a importância de as mulheres criarem a cultivarem redes diversas para trocar apoios e experiências que as permitam crescer. A especialista destacou que o importante é que elas se sintam seguras para executar suas profissões sem terem que se preocupar com o que os homens vão pensar delas por serem assertivas nas palavras.

Renata Malheiros também mandou um recado para os homens, para se posicionarem em situações em que profissionais mulheres são diminuídas. Também defendeu que elas não assumam a função de pai e não tenham medo de falar dos próprios sentimentos e inseguranças. 

A palestrante ressaltou a importância de se acelerar essa mudança e lembrou que um cenário de inovação passa por esse tipo de transformação. “A pauta de gênero está dentro da pauta de diversidade e inclusão. Você não tem empresas, países inovadores sem inclusão. As novas ideias aparecem nos grupos mais diversos”, apontou.

União e luta
A Embratur tem, hoje, cerca de 55% de mulheres nos cargos de liderança. Durante a palestra, a diretora de Marketing Internacional, Negócios e Sustentabilidade da Agência, Jaqueline Gil, enviou uma mensagem em vídeo para as profissionais, sobre a importância de as mulheres se unirem e se fortalecerem para ocupar espaços de tomadas de decisão. 

“Para mim, compor o corpo diretivo da Embratur nesse momento é um privilégio. Quando eu digo privilégio é com a alegria de saber que eu não represento só a mim. Eu nos represento. Nós somos um grupo de pessoas, as mulheres, que caminham juntas para galgar mais espaço em postos de liderança”, disse.

“Se não for assim, muito provavelmente, nosso espaço não será ampliado. Depois que eu comecei na minha vida profissional, e comecei a galgar alguns espaços mais altos, passei a entender que não era natural a conquista desses espaços, e isso tudo custou muito trabalho e, mais do que trabalho, apoio. E eu acho que o movimento que a gente precisa cada vez mais fortalecer, pra gente subir juntas, é o de nós nos apoiarmos. As mulheres precisam estar nessa luta juntas. Nós, unidas, chegamos cada vez mais longe”, afirmou. 

O presidente da Agência, Marcelo Freixo, por sua vez, destacou que a pauta de protagonismo da mulher é fundamental em qualquer debate sobre democracia e direitos humanos. “E é muito importante que qualquer luta, qualquer organização política que tenhamos seja feita com protagonismo e liderança dessas mulheres. E ainda bem que há uma maioria de mulheres no comando da Embratur, há uma maioria de mulheres nos cargos mais estratégicos da Embratur”, celebrou.

Dia delas
A Embratur dedicou um dia de atividades para marcar a passagem do 8 de março. Colaboradoras tiveram sessões de acupuntura, auriculoterapia, ventosas, uma sessão de terapia integrativa e o sorteio de um voucher de hospedagem. Uma das responsáveis pela programação, a supervisora de desenvolvimento humano da Gerência de Pessoas e Talentos (GPT), Andreza Viana, destacou a importância de marcar a data.

“A gente desenvolveu uma atividade bem rica o dia inteiro. Começou às 9h e foi até as 18h, com auriculoterapia, ventosa, acupuntura, e a palestra com Renata Malheiros sobre liderança feminina, um assunto que temos que tirar dos espaços de confinamento”, opinou. 

A programação contou, também, com um depoimento em vídeo de funcionárias da Embratur sobre como é ser mulher na Agência. “É um momento histórico na Embratur, em que as mulheres têm sido empoderadas, têm estado na linha de frente nessa administração. Nós, como mulheres, temos que estar sempre unidas”, destacou Clarice Cardoso, do Planejamento Estratégico.

Mariana Sarmanho, do Jurídico, destacou o clima de união. “Nós somos muito unidas. É um ambiente muito acolhedor e a gente realmente tem liberdade para conversar”, disse. E a copeira Daniela Costa falou sobre a importância de se pensar de forma crítica. “Trabalhar na Embratur sendo mulher tem aumentado e aberto minha visão, meu modo crítico, minha perspectiva de vida. Eu me sinto super inclusa e, juntas, nós somos mais fortes”, declarou.