MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Pesquisador britânico debate com a Embratur a construção da imagem do Brasil na COP 30

Reunião on-line contou com a presença do consultor político britânico Simon Anholt, especialista em imagens e marcas nacionais no cenário internacional, e de outros representantes do governo federal
Renato Vaz/Embratur
Diretora de Marketing Internacional, Negócios e Sustentabilidade da Agência, Jaqueline Gil, participou de reunião on-line com o pesquisador, consultor político e autor britânico Simon Anholt, especialista em marcas e imagens nacionais no cenário internacional.

22/11/2023 – A 30ª Conferência da ONU Sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que acontecerá em novembro de 2025 em Belém, no Pará, será um evento estratégico para fortalecer a visão do Brasil no exterior como uma liderança no combate ao aquecimento global. Para debater a construção dessa imagem, a Embratur participou do debate da Comissão Temática de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável intitulado “Imagem e Reputação do Brasil: o contexto ambiental e a COP30”.

A Agência integrou a reunião ao lado da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e de outros representantes do governo federal e do setor privado. Na oportunidade, os integrantes conversaram com o pesquisador, consultor político e autor britânico Simon Anholt, especialista em marcas e imagens nacionais no cenário internacional.

Simon apresentou aos participantes os desafios da construção dessa imagem. De acordo com o estudioso, por exemplo, a visão que se tem dos países no cenário internacional não são produto de marketing e variam pouco com o passar dos anos. Além disso, tem a tendência de mudar em conjunto segundo o cenário global, com graus de pioras e melhoras aproximados, e estão ancoradas mais no que uma determinada nação tem a oferecer ao mundo do que em seus problemas domésticos.

Ele destacou que o Brasil é uma voz importante na luta contra as mudanças climáticas e deve aproveitar a COP, mas pontuou que, para isso, precisará se destacar em relação a outras nações, apresentando projetos e ações mais que discursos. Ele destacou que existe uma dificuldade política grande em comunicar para a população ao redor do planeta os riscos das mudanças climáticas, o que é outro ponto que o país pode trabalhar.

“Vemos as COPs como eventos separados. Esse é um dos problemas. Eu acredito que o desafio fundamental está na comunicação. Vivemos diante de uma catástrofe gigante. É preciso mostrar que o Brasil tem uma percepção séria sobre o problema e suas dimensões. Cerca de 30% da população do mundo não ouviu falar de mudanças climáticas”, alertou o especialista.

A Embratur
A sustentabilidade e a preservação do meio ambiente é uma das estratégias da Embratur na promoção do turismo internacional. É uma forma de garantir a proteção da fauna e da flora tornando esses destinos atrativos para o turista internacional. Diretora de Marketing Internacional, Negócios e Sustentabilidade da Agência, Jaqueline Gil destacou, na reunião, que a construção dessa imagem deve ser feita de forma multissetorial e que a Embratur tem um papel importante no trabalho.

“Na Embratur, falamos da imagem do Brasil no exterior como exportador de serviços de turismo. É uma exportação em que o importador vem até o país fazer essa compra não só de serviços, mas de uma série de bens alinhados, como percepções relacionadas à cultura, à sustentabilidade e à vida”, disse.

Correspondente à realidade
Secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do MRE, o embaixador André Corrêa do Lago destacou a importância de a imagem construída ser correspondente à realidade. “Temos consciência, neste governo, que a imagem [do Brasil como liderança no combate às mudanças climáticas] tem que ser real.  Temos que combater o desmatamento e acredito que seja a realidade desse governo. E temos que mostrar, também, o quanto a COP favorecerá a população de Belém. Trará resultados positivos para a capital do Pará e para a Amazônia”, afirmou.

Na mesma linha, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, lembrou que o país está entre os primeiros países a enfrentarem os efeitos mais duros das mudanças climáticas. “O Brasil precisa de encontrar uma narrativa que traduza o que está acontecendo aqui. A crise climática se agravou e nós estamos entre os países que sentem primeiro os efeitos. Temos combatido as mudanças, mas estamos enfrentando uma seca inesperada. Não sabemos como isso vai atrapalhar a agricultura, mas pode atrapalhar a soja, por exemplo, que precisa de água na plantação e de seca na colheita”, exemplificou.