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Seminário no Ministério do Turismo debate afroturismo e a luta contra a discriminação racial

A coordenadora de afroturismo da Embratur, Tania Neres, discutiu ao lado outros especialistas o tema como ferramenta de desenvolvimento econômico e valorização cultural
Renato Vaz/Embratur
Coordenadora de Afroturismo da Embratur, Tania Neres participou do painel “Troca de Experiências sobre o Afroturismo no Brasil”

21/03/2025 – Em celebração ao Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, o Ministério do Turismo realizou o seminário “Afroturismo e a Luta contra a Discriminação Racial”. A Embratur marcou presença no evento que reuniu especialistas, empreendedores e representantes do setor para debater o impacto do afroturismo no desenvolvimento econômico e na valorização cultural. 

A iniciativa mostrou a necessidade de um turismo mais inclusivo e diverso, consolidando o afroturismo como política pública fundamental para fortalecer a identidade da população negra no Brasil. Coordenadora de Diversidade, Afroturismo e Povos Indígenas da Embratur, Tania Neres ressaltou que trata-se de um marco histórico para o turismo nacional. 

“É fundamental trabalharmos  a representatividade, falar sobre afroturismo nos lugares, nas instituições e também deixar muito claro que afroturismo tem um grande significado para a população negra: mais do que uma experiência cultural, é um ato antirracista. Precisamos garantir que a população negra não seja apenas prestadora de serviços, mas também proprietária de seus negócios, consumidora do turismo, bem atendida em aeroportos, hoteis e demais espaços”, afirmou.

Rotas Negras

Durante o seminário, foi entregue ao Ministério do Turismo uma pesquisa feita pela consultora da UNESCO e especialista em afroturismo, Thaís Rosa Pinheiro  sobre Boas práticas do Afroturismo no Âmbito Nacional, o que engloba o Programa Rotas Negras, uma iniciativa que promove a qualificação para a melhoria dos negócios liderados por comunidades negras, terreiros e mulheres negras. Ele destaca, ainda, o papel do turismo como ferramenta de transformação social. 

O Rotas Negras contempla roteiros que valorizam a identidade cultural de comunidades quilombolas, terreiros, grupos de matriz africana e outros espaços relevantes para a história da população negra no Brasil. Além disso, visa atrair turistas enquanto educa a população sobre a riqueza cultural do país. 

“Dentro do grupo de trabalho do Rotas Negras, que é encabeçado pelo Ministério da Igualdade Racial, com o Ministério do Turismo e outras instituições como a Embratur, vamos promover o afroturismo e automaticamente o antirracismo”, detalha Tania Neres. 

Painel

Acompanhada da consultora da Unesco, Thaís Rosa Pinheiro e da conselheira Nacional do Turismo e representante do Coletivo Muda, Solange Barbosa, a Coordenadora de Afroturismo da Embratur, Tania Neres, participou do painel “Troca de Experiências sobre o Afroturismo no Brasil”.

Ela destacou a importância da educação para ampliar a compreensão sobre diversidade religiosa dentro do setor. “Temos um problema sério no Brasil em relação à religiosidade, mas sabemos que isso é reflexo do racismo. Precisamos garantir que todas as religiões sejam respeitadas e que isso seja levado para as escolas”, afirmou.

A relevância da academia para o fortalecimento do afroturismo também foi abordada durante o seminário. Segundo Tânia Neres, o conhecimento acadêmico tem sido fundamental para dar embasamento teórico e estratégico do turismo. “O reconhecimento do nosso trabalho pela academia mostra que estamos no caminho certo”, compartilhou.

A coordenadora mencionou ainda o Edital Rota das Monografias, promovido pela Embratur, que tem por objetivo premiar as melhores monografias entregues e aprovadas em cursos de graduação na área do turismo no Brasil. 

Thaís Rosa Pinheiro enfatizou a relevância da qualificação dos profissionais que atuam no segmento. “Turismo é uma atividade econômica e esse profissional precisa estar qualificado para garantir que a oferta do afroturismo não caia na exotização. Ele tem um papel fundamental no letramento desse turista, para que respeite os territórios pretos e suas histórias”, explicou. 

Já Solange Barbosa, pontuou que é fundamental que os turistas compreendam que não vendemos exotismo, mas afroturismo. “E o afroturismo é feito por pessoas pretas, com narrativas pretas, que precisam ser conhecidas e respeitadas”, enfatizou.

Durante o painel foi debatido ainda sobre a luta pela implementação de políticas públicas voltadas para o fortalecimento do turismo afro-brasileiro. “Quando falamos de afroturismo, falamos de uma jornada de reconhecimento e desenvolvimento da população negra, que representa 56% do Brasil. Precisamos garantir que essas iniciativas sejam estruturadas e apoiadas pelo poder público”, concluiu Solange Barbosa.