02/04/2024 – É importante que o trade turístico dos municípios faça o exercício de olhar para os destinos locais sob a ótica do turista internacional, como forma de melhorar a recepção e a experiência desses visitantes. Quem propõe este exercício é a diretora de Marketing Internacional, Negócios e Sustentabilidade da Embratur, Jaqueline Gil, que falou sobre o assunto durante a abertura da 3ª Marcha dos Secretários de Turismo, promovida pela Associação Nacional de Secretários e Dirigentes de Turismo (Anseditur), que reúne os secretários municipais de turismo do Brasil e tem apoio da Agência. Jaqueline representou o presidente da Agência, Marcelo Freixo, no encontro.
O evento começou na manhã desta terça-feira (2) e segue até esta quarta (3) no auditório do Ministério do Turismo (MTur), em Brasília. Além de sugerir a experiência, Jaqueline Gil destacou o trabalho feito pela Embratur e pelas prefeituras para melhorar a promoção de destinos no exterior, atrair mais turistas internacionais e aumentar o ticket médio diário desses visitantes.
“Não é um exercício muito comum, eu sei. Principalmente nos municípios com menor experiência e números, mas é necessário que a gente, enquanto país, entenda que a internacionalização do nosso turismo é essencial para a gente crescer com qualidade”, explicou.
“Para aumentarmos esse ticket, há um sistema complexo. Mas o que está no domínio dos municípios, dos prestadores de serviço, da iniciativa privada e da pública, é a qualidade do nosso produto, das experiências que a gente organiza e coloca para os turistas, sejam brasileiros ou estrangeiros. Olhe para o município como se você fosse um visitante estrangeiro desprovido de um CPF e de facilidades. Como é a experiência quando esse estrangeiro chega nos municípios e não entende nada das placas, mas decidiu investir suas férias, seu tempo mais nobre, nesse local?”, perguntou, chamando para a reflexão.
Jaqueline Gil também convidou os presentes para conhecerem o edital do Programa de Aceleração do Turismo Internacional (PATI), voltado principalmente para municípios que ainda não tenham rotas internacionais em seus aeroportos. O projeto é uma parceria da Embratur com o MTur e o Ministério de Portos e Aeroportos e funciona com recursos financeiros do Fundo Nacional de Aviação Civil.
“Isso é inédito. Queremos fomentar São José da Costa Rica-São Luís (MA), Bogotá-Santarém (PA), Cidade do México-Foz do Iguaçu (PR), rotas que não existem e que nos tiram do eixo tradicional e reduzem a emissão de CO2”, mencionou.
Outro ponto destacado foi o recorde de divisas internacionais registrado pelo Banco Central em 2023, de US$ 6 bilhões (R$ 34,5 bilhões), valor maior que o de 2014, ano da Copa do Mundo de futebol no Brasil.
Por último, a diretora citou a importância de um enfoque mais forte no público feminino. Ela lembrou que dois terços dos viajantes internacionais do mundo são mulheres. “Também são elas que tomam 80% das decisões sobre para onde viajar com a família ou grupos de amigos. No segmento de luxo, esse número sobe para 87%. E nós queremos chegar nessas decisoras”, afirmou.
Unidade e protagonismo
O vice-presidente da Anseditur e secretário do Turismo de Grão Mogol (MG), Ítalo Mendes, destacou, em sua fala, a importância da marcha para promover o debate, aproximar os municípios da Embratur e do MTur, e fortalecer o sistema nacional de turismo.
“Para a construção de políticas de turismo, é muito importante esse alinhamento entre as políticas municipais, estaduais e nacionais. Isso é fundamental para transformarmos os destinos turísticos brasileiros, ter novos destinos e produtos, e transformar o turismo em oportunidade, geração de emprego e renda”, disse.
Representando o ministro do Turismo, Celso Sabino, o secretário nacional de Infraestrutura, Crédito e Investimento no Turismo, Carlos Henrique Sobral, destacou que a pasta trabalha para que o turismo ganhe maior protagonismo na política nacional.
Segundo ele, o ministério tem mais de 800 obras em execução no Brasil e está levando programas como o Cadastur e Fungetur direto para os municípios, além de trabalhar em parceria com a Embratur na promoção internacional do país. “O MTur vive um momento ímpar com o ministro Celso Sabino em seu trabalho diário, para que o turismo possa retomar o protagonismo”, afirmou.
O presidente do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur), Fabrício Amaral, por sua vez, ressaltou a importância dos municípios no fortalecimento do turismo em todo o Brasil. “Somos uma plataforma de desenvolvimento econômico e social muito importante. Venham, interajam, troquem experiência. Se não tivermos união, propostas, dificilmente vamos avançar”, recomendou.
Municípios e destinos
Entre as ações que a Embratur promove junto aos municípios está o Workshop Conexão Embratur, em parceria com o Sebrae. O projeto é voltado justamente para a profissionalização e o fortalecimento de trades turísticos das cidades brasileiras com o objetivo de aumentar o fluxo de turistas internacionais no Brasil. Uma das cidades que recebeu o projeto foi Aracaju (SE). O secretário de turismo da capital sergipana, Jorge Fraga, destacou a importância da presença da Agência na região. “O turismo se faz nos municípios, e a presença e o diálogo da Embratur e do MTur tem sido muito importante, principalmente da Embratur”, afirmou.
Ainda de acordo com Fraga, o trabalho de conectividade aérea que a Agência está promovendo em parceria com o MTur e Portos e Aeroportos é “fundamental”. Sobre a marcha, o secretário acredita que é uma oportunidade de “buscar um diálogo permanente entre secretarias municipais de turismo, a Embratur e o ministério”. “É essa conectividade que precisamos para fortalecer as políticas públicas para o fortalecimento do turismo”, concluiu.
A secretária de cultura e turismo de Campo Novo do Parecis (MT), Carla Rocha, destacou que a presença da Embratur nos municípios ajuda a indicar quando as estratégias locais estão na direção correta. “Estamos com o mesmo objetivo [que a Agência]: aumentar o ticket médio e a permanência do turista em cada região. Em Campo Novo do Parecis, desenvolvemos o etnoturismo, um turismo feito em aldeias indígenas, de altíssimo nível, e buscamos o público estrangeiro que valoriza essas tradições e essa cultura local”, detalhou.